quinta-feira, maio 31, 2007

Acho que ando exilada de mim mesma.
Hoje vi um velhinho tocando trompete junto com outro que acompanhava no bumbo, quando percebi as lágrimas escorriam... chorei, como uma brasileira exilada ouvindo outro brasileiro tocar Ary Barroso numa terra distante.

quarta-feira, maio 30, 2007

Pra deitar no travesseiro de verdade

Fico imaginando o que as pessoas fazem com tantos saquinhos plásticos que levam pra casa do mercado...
Acho que fazem como meu pai, amassam como bolinha de papel e jogam dentro de um outro saco plástico maior que abriga outros milhares desses dejetos.
Um dia, quando o saco parece que vai explodir, os mais engajados colocam os sacos na lata da reciclagem, e com isso deitam felizes em seus travesseiros achando que estão fazendo uma ótima ação: “eu ajudo o sujeito da cooperativa que separa o lixo e ainda ajudo o planeta! eu sou muito legal!“

Darvin, porque a seleção natural não leva em conta a inteligência (ou a falta dela)?

Reciclar lixo gasta energia, e nunca se recupera um material totalmente. Além do mais essa idéia de ajudar o catador de lixo é a maior balela. Os caras na verdade são super-explorados, é um absurdo esse esquema de cooperativa.

Se você quer ajudar mesmo, use o mínimo possível.
Sabe aquela embalagem de isopor que o cara da padaria coloca os frios? Peça pra ele colocar só no plastiquinho e depois que você usar esse plastiquinho, lave com água (economize que ela vai acabar em breve) e sabão e coloque seco na lata do lixo que vai pra reciclagem - o importante é o material que vai pra reciclagem estar livre de material orgânico pra poder ser reciclado, se não ele vai pro lixo comum e não adianta nada.

Os saquinhos... Você pode ir com uma sacola, mochila, carrinho de feira (seja criativo) e não usar nenhum.
Daí você vai me dizer: “mas eu uso na lixeira do banheiro“.
Caramba, precisa de muito papel higiênico pra encher tanto saquinho!

Inevitávelmente você terá que carregar esses malditos saquinhos pra casa, acredite em mim, eles são como pragas. Faça um teste, use todos os saquinhos que você já tem e depois disso, se faltar saquinho, você vai lá e embala todas as compras em saquinhos.

O importante é não deixar dejetos, pensa que cada vida deixa milhares de dejetos, se você deixar o menos possível por aqui, tanto melhor.

Isso não tem nada a ver com salvar a Terra do aquecimento global ou a putaqueopariu, acho mesmo que o planeta tá condenado, mas porra, será que se a gente tivesse um mínimo de consciência a sujeira não seria menor?

Ah, sabe todas aquelas latinhas de cerveja que você compra pra casa? Seria tão difícil assim usar cascos?

terça-feira, maio 29, 2007

Fazendo minha parte, ou achando que faço...

segunda-feira, maio 28, 2007

Com amor, pra você, seu idiota

Queria dizer que o amor não dói a uma amiga que anda desdenhando dele, dizendo que é maldito.
Se é amor, não pode ser assim, logo pensei.

Me pego perguntando a um amigo sobre o amor incondicional assim como uma criança pergunta pra mãe sobre o papai noel.

Precisava responder a uma pessoa que me deu três canos consecutivos e me ignorou no msn nos cinco meses seguintes, mas não quero, parece perda de tempo. Talvez seja mais interessante preencher algum formulário ou olhar pela janela nesse tempo que me dedicaria a um e-mail.
Nesses cinco meses eu enterrei de vez a amizade.

Amizades enterradas foram amizades? - uma dúvida que atormenta.

Enterrei tantas.
Tenho umas moribundas e umas que já até andam apodrecendo, mas não consigo jogar a terra por cima, não sei porque.

Ele disse que não podia mais falar comigo por causa do ciúmes doentio da mulher dele e fim.
Acabou a amizade.
Só lembranças dos 19 anos.
Acho que foi aquele dia que disse que o amava incondicionalmente, falei assim com força e acabou acontecendo.
Nossa mente guarda mistérios e nos engana, ou dá boas desculpas pro inexplicável.

Minha irmã faz e desfaz comigo mas, ontem o sol batia nas nossas mãos dadas caminhando por aquele corredor triste.

Talvez minha amiga tenha alguma razão sobre o amor...

É esse sentimento forte contra o que eu deveria fazer: dar uma bela bica na bunda deles todos.

Mas não consigo.
Rodrigo mandou um logotipo pra um concurso no Museu do Café em Santos e ganhou.

Logo veio o convite com aquelas letrinhas menores em baixo exigindo:
“traje: passeio completo“

O que raios seria isso?
Santo Google, padroeiro dos ignorantes!

“Passeio Completo - para os homens significa terno. Escuro e mais formal. De preferência marinho bem escuro ou grafite (não preto, que pode pesar em nosso clima tropical). Com camisa social branca ou azul muito claro e gravata de estampas mais discretas.“
Declara, Claudia Matarazzo.

Outro site mais obscuro diz:

“Traje Passeio: Para as mulheres pede túnicas, pantalonas, tailleur com calça ou saia, se o evento acontece até as seis da tarde. A partir desse horário, é o momento perfeito para o seu "little black dress" ou o indefectível pretinho básico.“
As questões não param...

Que diferença faz terno marinho ou preto em baixo de nosso sol tropical, agora aquecido uns grauzinhos a mais?
Como posso ir até a Rodoviária Jabaquara pegar um buzão pra Santos vestida num desses lindos, sexys e acima de tudo, confortáveis “pretinhos básicos“ e sapatos que combinam?
Questão curcial: Porque em uma abertura de exposição e premiação de um logo exigem traje?

Rodrigo alega que o lugar pede esse tipo de adequação.
Eu continuo achando que é porque será em Santos.

sábado, maio 26, 2007

Matagal

Me sinto uma idiota.
Passei mais de um ano tentando me esconder aqui, às vezes ainda pedia pra Rodrigo tirar o link do blog dele.
Medo das pessoas me acharem medíocre, fazer o quê?
Eu sou assim, minha auto-estima faz jornadas longas ao centro da terra.

Segunda-feira o Kim escreveu um texto super legal e indicou meu blog - Kim não escreve nada menos que muito bem esses últimos tempos e eu ignorava que ele vinha aqui e deixava uns comentários de vez em quando, porque sei lá... ele é foda, e eu me envergonho de mim.
Terça-feira foi a vez da Fernanda D´Umbra - a mulher que eu acho muito foda, disse que meu blog é foda.

Poxa, fiquei com insônia, não conseguia dormir nem por decreto. Uma coisa.

Daí na quarta-feira...
Rodrigo querendo que eu parasse de reclamar da vida, virou uma espécie de guardião do blog, dava boletins:
“Tem seis pessoas lendo seu blog agora, uma delas lê Agosto de 2006, outra está em Maio. Ao todo são 142 entradas...“

Tenho esse marcador porque ADORO ver as buscas, elas são hilárias, me divirto muito. Além do mais é uma segurança pra minha insegurança, fico sabendo que tem 9 pessoas no dia porque teve duas buscas Google. Ou seja, continuam sendo meus 7 amigos que entram aqui. Mas saber que em um dia vieram 180, fico assim.

No fim, meu blog foi parar lá no Sebo do Bac, do lado do link do Márcio Américo!
Eu ria, meio nervosa.
Como pode meu blog acabar do lado do Meninos de Kichute??
Bem, são coisas.

Agora, mais calma, e com apenas 19 visitas no marcador, posso agradecer a essas pessoas todas que me linkaram e que me tiraram de trás da moita!

Obrigada.

Ah, quando tiver um tempo pra sentar sossegada aqui coloco aí do lado mais links das pessoas que leio.

terça-feira, maio 22, 2007

Cuspida

De 7 acessos, hoje tive 30 e poucos.
Um amigo do Rodrigo escreveu no blog dele que sou melhor que a “nova geração beat de saias“ e me linkou.

E agora?
Como posso continuar a escrever aqui e fingir que só meus amigos vão ler minhas egolatrias com erros de português?

Eu sei, você vai dizer, “que besteira!“

A sensação que tenho é parecida com algo da minha infância...
Quando queria fazer cocô e minha mãe ficava dentro do banheiro esperando a hora de me limpar.

quinta-feira, maio 17, 2007

Por minha mãe e por todos que decidiram ir

Eu aqui me dizendo que não sei de nada pra esquecer dessa coisa que me faz sofrer, evito encarar, mas minha crença verdadeira diz que não existe outro lado.
Queria muito poder rever pessoas que foram e estão indo embora, mas não vou.

Ir, ir pra onde?
Morte.
Pessoas que morreram.
A palavra que todo mundo evita, o verbo é mesmo difícil conjugar.
Pessoas que ainda vão morrer - é um exercício.

Suicidio... os que escolheram, era isso que queria dizer...

O suicida ao contrário do que dizem não tem nada de egoísta. Não o que conheço.
A suicida que vivi (no passado pra ser o menos presente possível), a que olhou do alto de muitos lugares e escolheu tentar mais um dia (por ter ainda uma ponta de esperança num tratamento psiquiátrico ou por ter pessoas vigiando) não tem nada de egoísta.

Porque o que leva alguém olhar lá de cima é algo inexplicável.
Vou tentar: sentimentos demais que te sufocam e te contorcem tanto que te fazem querer parar de sentir de qualquer jeito, mesmo que seja sem volta.
Uma anestesia, a lápide, a solução pra parar de sentir o mundo inteiro dentro de si.

Alguém que sente tanto não pode ser tão egoísta, pode?

Eu estive dos dois lados e acho que posso dizer.

E se algum dia desses eu estiver olhando lá de cima de novo, eu queria muito me lembrar que pelo menos eu já fui (estou sendo agora) feliz. E deixar de lado o que me foi dado pelos genes ruins.

Acho que pelo menos racionalmente eu escolho a vida.

***

Tem gente que se identifica com a novela, mais honesto e pertinente me identificar e emocionar com a escolha pela morte, mesmo que tenha partido de alguém que eu nem conhecia de verdade. Tentei evitar o assunto o quanto pude, mas a coisa me atormenta. Tem pessoas que eu gosto que eram bem amigas e estão mal agora, por essas pessoas todas eu sinto e peço desculpas por meu post egoísta, mas sufocar isso tudo poderia me fazer pior.
Sinto, sinto mesmo...

quinta-feira, maio 10, 2007

Pequenas contribuições para o mundo

Sentada na Benjamin Abrahão (a padaria do sujeito que já morreu há décadas, mas que continua fazendo pães), tomando um café, cheguei a uma conclusão: Eu tenho medo das crianças de Higienópolis.
E no fim do café, acabei percebendo que tenho medo de muitas criancas, não só as de Higienópolis...

Logo que mudei pra cá, fui jantar com Rodrigo num lugar aqui na Santa Cecília e tinha uma mesa com um povo da FAU.
Rodrigo cumprimentou de longe ao sentar.
Havia um casal com uma criança que me tirou o apetite.
Meu acarajé esfriou e desmontou na minha mão enquanto não conseguia parar de olhar praquela miniatura de belzebu que corria e se pendurava na nossa mesa gritando porque queria ir embora.
Rodrigo implorava pra eu disfarçar, mas eu não consegui me conter, fiquei muito chocada porque os pais não repreendiam o moleque, pelo contrário. Além do mais, ele estava vestido igual ao pai e tinha a mesma cara de enjoo da mãe.

Não precisa ter feito Mackenzie e nem morar em Higienópolis pra parir uma miniatura de exu!

A questão é que na época da minha avó era mais fácil ter filhos.
Minha avó paterna tentou doze, tem uns dois ou três que sairam mais ou menos.
Quatro tentativas pra um acerto.
A vida moderna não me permite tantas tentativas.
O “um dia quero ter um filho“, não são dois, nem três, muito menos doze!

Minhas chances de parir um pequeno Hitler são muitas:
Vou enjoar, sentir dores e acabar com meu lindo corpo de mulher de trinta anos por causa de uma coisinha que vai me conquistar só porque saiu de mim.
Vou achá-lo lindo e super esperto quando ele esperniar e burlar minhas regras.
Uma boa doze de convivência com essas crianças lindas que pairam pelas “boas escolas“ (que eu pagarei com muito esforço) e não muito depois disso, estarei criando mais um ególatrazinho para o mundo...
Um com a minha cara de chata, claro.

quarta-feira, maio 09, 2007

O Papa não poupa ninguém

O brasileiro está louco, não basta comemorar a vinda do Papa, tem ônibus do Nordeste vindo pra esse frio de 10ºC só pra ver o sujeito!

Tudo isso pra ouvir que aborto tem que continuar a ser crime e que usar camisinha é pecado; tomar uma bênção papal, ver o Papa dentro do papa-móvel (sempre achei um qualquercoisa-móvel muito legal) e se sentir privilegiado por isso.

Eu me lembro do Papa João alguma coisa...
Veio ao Brasil e eu tinha só 2 anos, mas me lembro bem dele passando pela 23 de Maio. Meu pai e minha madrinha me seguraram nos ombros pra eu ver o sujeito que dava tchauzinho do papa-móvel.

Eu voltei chorando, parecia que ia a uma festa muito legal, um grande acontecimento e lá só tinha aquele velho com roupas estranhas me dando tchau.

quarta-feira, maio 02, 2007

Hormônios

Enrolada com o fucinho alcançando o rabo, em cima das almofadas no sofá, ela me olha de olhos opacos, uma cara de quem não queria estar aqui, como se tivesse em cárcere, como se eu tivesse cometido um crime.

Me aproximo, tento fazer carinho, ela não se mostra receptiva, mantém a mesma posição me mostrando que não precisa disso, que não é esse o problema.

As tetinhas de baixo estão inchadas, com leite.
Ela cava na caminha e rasga o tecido até arrancar toda a espuma, procurando algo, os filhotes que não teve.

Deve achar que eu os escondi.