sexta-feira, dezembro 29, 2006

Das coisas sentimentais

Na verdade é a maior mentira que dos assuntos sentimentais eu resolvi não sentir, eu acho que resolvi falar, sabe?

Esses dias meu pai me ligou dizendo que tinha uma triste notícia pra me dar. Eu quase tive um treco e pedi pro Rodrigo falar com ele porque meu coração batia tanto que achei que ele ia parar, pensei que fosse alguém importante que tinha morrido. Minha avó, minha tia-avó... sei lá... alguém!

Então, descobri que foi o irmão mais novo do meu pai, que nada mais era do que um estrupício que pairava sobre a terra, saber que ele morreu me alivia um pouco, é como se nem todas as pessoas ruins ficassem aqui até os 100 anos, me tira um pouco aquela idéia de que aqui é o inferno, porque se ele foi pra outro lugar o inferno deve ser lá.

Bem, particularidades sobre o defunto à parte, eu liguei de volta pro meu pai e despejei o saco, disse que notícia triste não era e que ele mesmo deveria soltar fogos de artifício. Ele ficou meio sem fala na hora mas me pediu desculpas e depois em uma conversa aqui em casa me deu razão.

Em outra ocasião eu teria chorado de raiva e meu pai só saberia depois. Mas eu passei o resto do dia bem, como se aquilo não tivesse acontecido.

Comprovação de que de vez em quando despejar o saco faz bem.

Porém, em outras ocasiões, sendo afoita nessa coisa de despejar o saco, me dou mal. É preciso o tempo certo pra que a notícia acente e a reação seja menor. Afinal, mujer dramática não é só apelido.