sexta-feira, novembro 28, 2008

Love comes to me

Ontem pela manhã fui a mais uma sessão de terapia e saí triste, como sempre, me sentindo imcompreendia. Nessas horas pareço uma adolescente, como se ninguém pudesse me entender - a psicóloga, assim como o resto do mundo, também não me entende.

E é mágico quando me deparo com semelhantes.
Ontem eu e Rodrigo voltamos pra casa sem palavras do show do Will Oldham.
É transparente o quanto aqueles caras se divertiram e tocaram e cantaram com vontade, uma vontade parecida com a que eu tinha de estar lá ouvindo.

Eu não nasci pra ter uma profissão, pode parecer a coisa mais brega do mundo, mas tenho muito amor pra dar aqui de dentro.
Eu não sei ir todos os dias pra um lugar que não é exatamente onde me sinto bem e não é o lugar onde eu posso dar esse amor, mas tenho que ir porque me pagam. Não.
Eu já tentei mil vezes e não consigo me imaginar comandando uma brigada de cozinheiros num restaurante. Isso seria o auge da carreira de um cozinheiro e eu deveria querer muito isso, mas não quero.
Quero ter minha cozinha e trabalhar sozinha ou com poucas pessoas que pensam e agem como eu. E querem fazer aquilo da melhor forma possível.
Não acho que esse meu jeito de encarar as coisas é o certo ou o errado, simplesmente é o meu jeito.

Mas voltando ao show de ontem, que é sobre o que quero dizer, foi uma das experiências mais incríveis da minha vida.
Aquelas músicas me fizeram lembrar meu cotidiano com Rodrigo, ouvimos muito esse cara aqui em casa.
Fiquei lembrando a coletânea dele que Rodrigo gravou pra mim logo que começamos a namorar, o meu apartamento na 9 de julho, nossa mudança pra esse apartamento, o dia em que organizamos os livros na nossa estante - nós juntamos os livros e não os trapos.
E tantas outras coisinhas que são as que realmente importam nesta porra de vida.

Eram apenas dois violões e duas vozes, Will Oldham e Emmet Kelly.
Eles não subiram ao palco com um set list preparado e mais pro final do show comecaram a tocar as músicas que eu e Rodrigo gritávamos pedindo - tocaram todas as que queríamos ouvir e tocaram também as que Carlos Carah pedia gritando loucamente em frente a eles.
Eu também estava bem próxima ao palco, na verdade sentada nele, cheguei antes pra ver bem de perto. Foi mágico.
Emmet vai dos graves aos agudos lindamente, Oldham e ele cantam e tocam com muita vontade, querendo fazer aquilo da melhor forma possível e só pararam quando ficaram nítidamente cansados.

Aqueles dois caras tocando aqueles violões e cantando mudaram a minha vida.