terça-feira, junho 12, 2007

O vaso vazio

Semana passada achei que estivesse grávida.
Ainda tenho a ilusão cretina de que filhos salvam sua vida.
É mais forte que eu essa força idiota que vem do meu útero.
Uma injustiça danada colocar crianças num mundo que até mesmo o Alpino perdeu o gosto - pura gordura hidrogenada.

Não estou grávida.
Se estivesse, não sei o que faria.
Talvez dessa vez não fizesse.

Apesar de todos os esforços ainda sinto a tempestade que pode voltar a qualquer momento. Ainda ouço uma voz lá no fundo que diz que toda essa estabilidade pode voar pelos ares agora mesmo, e que minha única saída seria pular pela janela, como se o Bin Laden tivesse acertado o avião bem no meu prédio e tudo fosse ruir.

Crianças não fazem milagres.
Crianças podem virar terroristas ou vítimas, podem virar idiotas completos pra ajudar na população mundial ou podem virar pessoas legais também, mas não salva-vidas dos pais, isso eu não poderia fazer.

Só queria um lugar onde nem tudo que continua “barato“ ficou horrível, e onde eu receba mais que o piso pra trabalhar que nem boi, oito horas ou mais, seis dias por semana. Talvez um lugar onde não existem milhões de pessoas que baixam snuff movies e pedofilia na internet...

Teria que me mudar de planeta.
Melhor continuar assim, com meu útero vazio.