sexta-feira, agosto 03, 2007

Rodrigo está no banheiro, e como sempre aproveito a deixa pra sentar aqui e escrever qualquer coisa.
Sinto que a porta que nos divide não diferencia muito o que fazemos.

Na verdade, eu vivo em um ambiente de merda, difícil seria que eu ficasse límpida dessa grande bosta que é um restaurante.
Donos ditadores e maleducados, metade dos funcionários estão lá pela mais pura necessidade e o resto que poderia ser alguma coisa, são só puxa-sacos de plantão com conversinhas de maricotinha-foi-na-academia.

O porteiro me diz sempre algo sobre o clima quando adentro o edifício todas as noites, cansada, rezando pro elevador estar no térreo - primeiro pra eu não ter que sentar na escada esperando o elevador e depois pra encurtar a conversa: “Tá entrando um vento frio, hein? Será que vai esfriar de novo?“
É sempre alguma pergunta ou informação sobre massas de ar, brisas ou graus Célcius.
Deve ser difícil ser porteiro, sempre ter que arranjar uma frase diferente pra única viv´alma (sempre mais morta que viva) que passa acordando você do seu cochilo em horário de trabalho.

Eu sempre brinco com o ajudante geral lá do restaurante que só sabe procastinar, digo que ele se daria melhor como porteiro.

A vida é assim, quem não consegue conversar sobre vento sul acaba na pia de algum restaurante.