segunda-feira, agosto 07, 2006

120 anos é o limite

Houveram épocas em que eu me jogava na frente de carros pra ver se eles me atropelavam e eu conseguia morrer sem fazer muito esforço. Nunca fui fã dessa coisa de armas ou cortes em banheiras, sou covarde, mas confesso que a vontade de morrer por vezes me tomou.
A primeira vez foi quando eu, inocente garota de 18 anos, tomei uma caixa de Valium sem saber que o máximo que me aconteceria era dormir por três dia inteiros e acordar com a cama molhada.
Decepção.
Na verdade logo depois de constatar que estava viva e úmida de urina semi-seca pensei que pudesse estar de fato morta e que aquilo seria apenas minha consciência simulando meu corpo vivo - como naqueles filmes hollywoodianos em que o personagem principal na verdade é o próprio defunto.
Minha idéia não vinha daí, já que esses filmes vieram depois da minha primeira tentativa frustrada de acabar com minha vidinha medíocre.
Minha mãe era espírita e eu tinha que ouvir algumas histórias de suicidas que ficavam presos na terra, vagando até terminar o tempo equivalente à vida que o Todo-Poderoso havia lhes destinado.
Então, quando acordei naquele estado lamentável, fiquei pensando que estava morta e que ficaria assim, “vivendo sem viver” até completar meu tempo pré-estipulado aqui na terra.
O desespero bateu forte quando pensei na minha bisavó que faleceu aos 99 anos, e em meus avós que ainda estavam vivos aos 80 e poucos...

Longevidade de pai e mãe, a própria desgraça pra quem nunca gostou muito de viver.