sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Para as pessoas que ficaram

Eu tenho uma amiga que acorda logo cedo com um humor impossível pra mim. É tanto bom humor numa pessoa só, numa manhã só, que eu fico irritada, não dá.
Nada contra ela, que é uma pessoa incrível e que me deu a maior força - as vezes que acordei perto dela estava hospedada em sua casa. Eu sou uma pessoa chata e ranzinza. Ela, pelo contrário, uma pessoa alegre e que quase nunca reclama de nada mesmo tendo motivos pra isso. Eu sou cozinheira, ela, produtora de cinema.

Toda essa introdução pra dizer que uma pessoa conseguiu ler meu blog algumas vezes e achar que EU sou ELA.
Essa pessoa se diz amiga do meu marido e da moça bem humorada.

Existem pessoas que ficaram no passado. Elas vivem o presente delas com amigos novos, trabalho novo, cidade nova, mas tentam de alguma forma manter esse passado nesse presente, que é o que temos pra hoje. E não querem encarar que o passado ficou lá para todo mundo e que os outros têm um presente para hoje também.
Eles querem manter essas pessoas intactas, como um museu de cera vivo pra dar aquela sensação de segurança dos amigos antigos.
Provavelmente esse cara não leu se quer uma linha do meu blog, ele só queria poder dizer alguma coisa da próxima vez que a encontrasse - no estilo: eu leio sempre seu blog. Ela não faz parte do presente dele, ela é uma pessoa do passado que ele quer guardar intacta, como no passado, no presente.
É muito parecido com a visão da KR, que diz que sou a melhor amiga dela. Ganhei o título na sétima série e ele deve ser vitalício.
Isso pode fazer parecer que eu acho que as amizades são descartáveis, esse assunto bem em voga com uma onda de psicólogos observadores do comportamento da sociedade com a internet, e yadda, yadda...
Nada disso.

Apenas gostaria de dedicar à essas pessoas encarceradas no passado, que não conseguem me ver como sou hoje, os meus mais sinceros esquecimentos.
Obrigada.