segunda-feira, março 31, 2008

Das profundezas do underground

Eu deixei meus cabelos longos, minhas botas, minhas roupas e minhas caras e bocas no passado - na verdade as botas e roupas eu deixei no brechó mesmo.
Eu parei, já há alguns bons anos, de fazer da jaca as minhas pantufas - como diziam meus amiguinhos de Loca e Madame.
Eu cresci, deixei quem quisesse dançando com a parede. Resolvi dançar com gente de verdade, me relacionar com gente de verdade e fazer coisas de verdade.
O mundo de mentirinha continua lá pra quem quiser se distrair com ele, fingir que nada mais existe além do próprio umbigo fake e tatuado. E disso eu tive a mais plena certeza hoje na Festa Folk.

Foram dois shows, o primeiro da Lulina que nesse contexto representa a minha vida real, com gente que vive no mundo real, que trabalha, estuda, viaja (ou fica), adoece, muda de endereço e os amigos vão pintar as paredes (ainda vou terminar a sua, Adriano), e planeja festas e mostras de cinema porque querem ouvir o som que gostam ou querem ver os filmes que não chegam ao Brasil. Um mundo que resolvi entrar quando decidi não cursar mais uma vez o caminho que estava condicionada e fui pro lado oposto ao que meu coração de papelão mandava.
É isso que a Lulina representa na minha vida, a saída. A vazão da sensibilidade - que eu tinha deixado estagnada lá pra ser uma eterna adolescente desse mundinho.

O segundo show foi do Daniel Belleza que representa esse mundo das profundezas de onde eu consegui escapar. Depois de um tempo o público da Lulina foi dando espaço pro público do Belleza (que tocou de tudo mas Beck acústico como foi prometido, necas!) e a impressão que eu tive foi que eu estava n`A Loca, o bom foi olhar e ter a certeza: eu não sou daqui.

Vou colocar aqui a letra e o link pra uma das músicas que Lulina tocou hoje (e que eu chorei que nem neném):


O que você estiver vendo a nuvem formar agora

As nuvens formam qualquer desenho que eu imaginar
Vem o vento e muda tudo de lugar
As nuvens são como as pessoas que eu encontrar
cada um vendo a coisa que quiser enxergar
eu vi um passarinho se jogar do oitavo andar
Quando chegou pertinho do chão voltou a voar
Vem o vento e muda tudo de lugar
Vem o vento e muda tudo de lugar
Na nuvem vejo um casal, vão se beijar
Vem o vento e muda tudo de lugar
Na nuvem vejo umas crinças brincando de pegar
Vem o vento e muda tudo de lugar
Na nuvem vejo alguém sozinho parece que vai chorar
Vem o vento e muda tudo de lugar
Vem o vento e muda tudo de lugar


Ouça aqui

Bem vindo ao meu mundo.

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Perfeito.
E fico feliz que vc pense assim...

eu também sinto algo parecido, na verdade.
e a música é linda.

3/31/2008 7:04 PM  
Blogger Mancha said...

É nessas horas que diferenciamos "ser" de "continuar sendo".
E, como todo gerundismo, continuar sendo é pra quem não conhece as delícias do infinitivo.

Parabéns pelo novo mundo. Beijos...

4/01/2008 2:18 PM  
Blogger Carol Helena said...

Mancha, isso foi genial!
Adorei que você veio.
Beijo.

4/01/2008 11:13 PM  
Blogger Carol Helena said...

Edson, só o que tenho a dizer é: pare de tomar a pílula!

4/01/2008 11:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

Afinal...é "As Nuvem" ou "As nuvens"?
e Ma que porra de sotaque é esse dessa Lulina???

4/04/2008 12:46 AM  
Blogger Carol Helena said...

Senhor anônimo, o correto seria "as nuvens", claro. Fui eu que cheguei em casa às seis da manhã bêbada e escrevi tudo torto, como eu me encontrava.
O sotaque "dessa Lulina" é de Recife, lindo não?

4/04/2008 7:17 PM  
Anonymous Anônimo said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

4/04/2008 8:44 PM  
Blogger Carol Helena said...

Este comentário foi removido pelo autor.

4/05/2008 12:27 AM  
Anonymous Anônimo said...

ué...removeu pq? bjs Sodré

4/15/2008 8:28 AM  
Blogger Carol Helena said...

Fazendo a autoritária: Porque o blog é meu.
Beijo.

4/15/2008 1:14 PM  

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