domingo, fevereiro 04, 2007

Defi-ciência

Resolvi aceitar as deficiencias das pessoas, não porque elas não tenham o poder para melhorar, eu não acredito nesse papinho de psicólogo falido de que as pessoas fazem o que podem. Eu acredito que as pessoas fazem o que escolheram das suas vidas.

Eu fiz as minhas escolhas.

Se fizesse só o que eu podia, eu teria casado com um bosta, trabalharia na fábrica que ele herdou e odiaria tudo. Minha cozinha seria repleta de utensílios e panos de prato de vaquinha que a mãe dele nos daria. Minha casa teria uma decoração mix de tudo-que-eu-odeio pintado de pátina com bibelôs árabes e tapetes do estilo, e tudo, é claro, escolhido a dedo pela mãe dele. Pra ajudar, teria um ou dois bostinhas gritando e eles seriam minha responsabilidade. E, uma hora ou outra, acabaria em um hospital psiquiátrico por tentativa de suicídio, ou conseguiria um câncer, que eu não trataria, pra fugir de tudo sem culpa. Afinal, “as pessoas fazem o que podem“.

Eu escolhi sair de onde eu nasci e ter uma história diferente da que meus pais me encaminharam e agora eu vou até o final da estrada ver no que vai dar.
Então eu vou cuidar de mim e esperar que as pessoas à minha volta tenham coragem também pra mudar algumas coisas na vida delas. Mas sem me irritar, afinal, já tenho bastante no que pensar...

Uma cadela me achou na rua (ela que me achou, literalmente) e ela dá um certo trabalho.

Amanhã começo em uma cozinha onde serei a única mulher. Tô achando que o negócio vai ser tenso e eu vou ter que provar que também tenho pinto (sabia que toda mulher tem um pinto embutido e a ponta dele é o clitoris? - esse foi um momento National Geographic do dia).