quarta-feira, outubro 03, 2007

Abadá

Os sonhos são as nossas impressões sem a razão em cima delas, são nossas sensações puras, sem as distrações do mundo real - quem disse isso (ou algo semelhante) foi o vocalista do Grenade. Ele escreveu no blog dele (já morto) há uns tempos, Rodrigo me contou.

Achei muito pertinente a observação dele. Nos meus sonhos, eu sinto também essas sensações puras. Na verdade é a sensação de infinito que eu tenho nos pesadelos, os sentimentos são tão intensos que nunca acabam dentro daquilo. Um intenso sem fim, por isso são pesadelos.
Normalmente estou angustiada (é a minha clássica sensação de angústia) e sinto tudo sobre essa sensação. Mas no meio disso tudo tem milhares de referências minhas e só minhas, claro - meu mundinho pessoal e intransferível, até que se invente um transplante de cérebro.

Eu não sei como são os sonhos das pessoas por aí, mas meus sonhos são estranhos.
Em meu caderno de sonhos (eu levo isso à sério) tem relatos de um sonho em que minha avó tinha patas de cachorro e nós seguíamos um índio manco numa floresta estilo Star Wars. Mais de uma vez estou fugindo vestida com um pano de chão cobrindo a frente e uma canga rasgada em cima dos ombros nus, com frio, meio ala dos pobres da Beija-Flor.
Numa noite dessas eu era um peixe cor-de-rosa de um cardume de seis peixes que fugiam num mar de cores quentes com plantas carnívoras.
Outra noite, eu era um general do exército americano que escondia a gravidez de meus superiores, a criança na minha barriga era o Nhonho, personagem daquele programa mexicano que passava no SBT, o Chavez.
Sem falar do clube de sado-masoquismo, o Mundo Animal, onde as pessoas são “maltratadas“ com utensílios de cozinha.

Apesar dos meus sonhos traduzirem essas sensações puras, elas vem vestidas pro carnaval.

Se não tem um homem presente, seja ele um índio, um peixe macho ou um superior da U S Army, tem uma voz masculina no fundo. Às vezes a voz me indica a direção, às vezes me confunde dizendo coisas como “ao vencedor as batatas“. E no meio da perseguição, fuga ou algo assim, vem um garçom e me serve um prato de batatas cozidas sem sal. Como o comercial que corta o filme na parte mais interessante.

2 Comments:

Blogger Adriano Vannucchi said...

Meu... Não me leva a mal, moça... Você sabe o quanto gosto do seus textos (desde antes ainda do mujerdramatica) e você sabe o quanto eu levo a sério e gosto do que você escreve por aqui.

Mas, NA BOA...

A expressão "ala dos pobres da Beija-Flor" é uma das definições mais genialmente engraçadas e ao mesmo tempo PERFEITAMENTE realistas que eu li nos últimos anos!

beijos
a

10/04/2007 3:47 AM  
Blogger Adrianne said...

Meu Deus, o seu inconsciente é realmente ENGRAÇADO! O clube de sadomasoquismo Mundo Animal me fez cair da cadeira de tanto rir.

10/04/2007 9:49 AM  

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