sexta-feira, outubro 05, 2007

Quarta-feira

Quarta-feira o Edson nos deu ingressos pro show da Joanna Newsom.
Bem, o caso é que eu não gostava da Joanna, honestidade. Como o ingresso foi gratuito, eu fui. Um show é sempre mais legal que ouvir um cd, claro.
Mas achei mesmo que eu teria que sair na metade, levei até um livro na bolsa caso me irritasse muito com os agudos da moça.
A verdade é que Rodrigo sempre queria ouvir o segundo cd da mulher, e ela faz um certo estilo “mulher que grita“ que me irrita profundamente quando estou tentando limpar a casa, por exemplo. Acho que ninguém quer uma “mulher que grita“ gritando na orelha numa hora dessas.
Descobri que ela tem que ser ouvida na hora certa, essa que é a verdade, tem que estar no “mode on: não me importo com agudos“.

Bem, como eu disse, eu fui sem saber o que aconteceria, se sairia do teatro pra ler ou se aguentaria o show até o fim - levei até algodão pra colocar nos ouvidos.
Quem é fan dela e leu isso até aqui deve estar querendo me matar, foda-se.

O que aconteceu foi que ela é absolutamente fascinante.
Aquela mulher tocando harpa era algo maravilhoso, incrível, uma das visões mais belas que eu já tive. E ela tirava um som indescritível daquilo, uma coisa linda - por não ter mais como descrever. Ela parecia um ser mitológico, alguém que veio direto de dentro de um livro antigo escrito numa língua morta. Ela é um ser de outro mundo tocando e cantando.
E eu chorei em duas músicas.
E depois chorei mais no final, quando percebi que há algum tempo eu não sentia nada parecido.
Quarta-feira eu me senti viva.

Obrigada Edson.