domingo, janeiro 20, 2008

Da pontuação da língua portuguesa

eu sempre gostei mais de reticências
talvez porque eu sempre tenha sido reticente
ou porque elas me trazem a esperança
de que as coisas não vão acabar assim
porque eu não sou mais reticente
Não sou

Adriana B.

“To a lover long gone

Uma história que não é de reparação. É de afirmação. E de uma pergunta que eu respondo todo dia: por que eu te deixei, grande amor da minha vida?
Por que eu não queria ser só alguém que te acompanhava.
Por que eu queria ser eu.
Mesmo que eu não soubesse o que isso queria dizer.
Me trazem notícias suas da distância. Me contam que você é rico. Me dizem que talvez você não esteja feliz. Não importa. Por que eu queria que você estivesse feliz. Por que eu entendo essa minha escolha tão dolorida e tão antiga. Por que eu não fui capaz de te acompanhar simplesmente porque eu nunca quis acompanhar ninguém. Compartilhar de uma vida é outra coisa. Eu ainda não encontrei quem soubesse. Eu só queria que você estivesse feliz pra além das aparências. Eu estou. Feliz. Por que você foi uma das pessoas que eu mais amei no mundo e é bom prezar o passado e não desdenhar dele. Se você estiver feliz, isso me agrada. Se não estiver, se pergunte.“

terça-feira, janeiro 08, 2008

Fechando 2007

Até outro dia, eu odiava todas as pessoas até que elas me provassem que não mereciam.

Eu abominava um cara, ele era amigo dos meus amigos, e eu não conseguia entender porque meus poucos amigos tinham tantos amigos idiotas. A única explicação é que o mundo é abarrotado de idiotas, claro, mas porque as parcas pessoas legais têm que se envolver com eles(?), eu nunca tinha entendido.
Bem, o caso é que meus amigos achavam esse cara o máximo e eu tinha a mais plena certeza que ele era o babaca mor, um bêbado idiota, um completo cretino que se dizia ator - duvidava inclusive da capacidade profissional do sujeito já que ele era um redondo imbecil.

Um dia desses num bar, encurralada (essa palavra não deveria existir) entre a mesa e as cadeiras com muitas pessoas em volta, completamente bêbada e sem reação pra sair de lá correndo (já que eu tanto odiava pessoas e elas me cercavam falando alto e se divertindo - horror) fui obrigada a ouvir por alguns minutos o que o completo babaca amigo dos meus amigos dizia. O cara falou aqueles minutos como se estivesse em um bom monólogo, mas ele dizia coisas interessantes e eu fui obrigada a responder a certo momento.
No final da noite eu estava às gargalhadas com o ex-imbecil, achando o cara o máximo, me divertindo muito e saí de lá saltitante com o sol raiando, expulsa pela dona do bar.

Dias depois fui ver o sujeito em cena e tive que admitir, o cara é foda, mesmo. Depois da peça conversamos e rimos de novo e eu percebi o óbvio: passei a maior parte da minha vida fechada pra aventura de conhecer pessoas e me deixar divertir com elas.
Devo ter deixado muitas pessoas legais passarem pela simples falta de paciência de conhecê-las de peito aberto. Me mantive fechada em meu mundinho triste e frio onde ninguém vale a pena. Meu mundinho tapado com minhas regrinhas inflexíveis. E as pessoas passaram como águas de cachoeira e desaguaram em algum lugar que eu não faço idéia onde fica.