sábado, setembro 23, 2006

Sábado

Todos os dias poderiam ser sábado.
Não porque eu não trabalhe, enquanto o mundo inteiro curte o primeiro dia de descanso eu trabalho em dobro, já que essas pessoas resolvem descansar e comer no meu local de trabalho. Mas as manhãs de sábado tem um ar de respiração funda de alivio, qualquer coisa de tranquilidade, quietude.
Depois que o mundo trabalha a semana inteira (fazendo o que não gosta dentro de quadrados de concreto iluminados com luz branca que dóem os olhos e sempre com aquele chefe mala prestes a demitir alguém) resolvem sair pelas ruas bêbados acelerando seus carros comprados com esforço (ou não) fazendo barulho e quase atropelando quem não tem nada a ver com isso, depois disso, o Sábado.

Enquanto o mundo adora as sextas feiras eu amo os sábados, principalmente esse, dia 24 de Setembro, faz um ano que eu e o Ro estamos juntos.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Cozinha e oceano

Minha avó tem as mãos mais lindas do mundo.
Elas são cheias de marcas de queimaduras, calos e cicatrizes de cortes fundos. Resultado de uma vida dedicada à cozinha.
Na verdade ela não gosta, vive reclamando, e um dia me peguei dizendo que elas eram lindas porque eram o fruto de uma vida dedicada a isso.
Tenho inveja.
Esses dias salpicou óleo com pimenta nas minhas mãos e eu fiquei toda feliz. Eu não gosto de sentir dor, é que como uma menina que ganha o primeiro sutiã, essa foi a minha primeira queimadura nessa cozinha nova. Foi de leve e em menos de uma semana passa de vez, mas me senti viva.
Não gostei foi do cortinho besta que infeccionou, a cozinha é suja demais pra eu me dar a esse luxo de me cortar assim.


Sábado minha amiga Leo casa, lá em Barcelona. E eu bem que queria fazer o almoço de casamento dela, assim como ela prometeu fazer o meu, mas infelizmente (ou felizmente pra ela) um oceano nos separa.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Baratas são amigas, não comida!

Mãos queimadas de espirrar gordura com pimenta dos refogados indianos.
Baratas, como nas cozinhas indianas - imagino eu.
Os modernos comem baratas.
E eu que achava que a tirania dos chefs de cozinha era um exagero, começo a achar necessário, absolutamente necessário neste lugar.

Agora tchau que eu vou fazer samossas!

segunda-feira, setembro 11, 2006

Ritos, pijamas e uma grande amiga

Meu pai exigia que vestíssemos pijamas, eles ficaram pequenos depois da minha mãe ir, mas ninguém notou, nem eu.
Eu fingia que os colocava e com o tempo, passei a ter horror a eles - um escândalo na família!

Um dia desses, lendo Piratas do Tietê usando o pijama de uma grande amiga, notei a importancia da coisa. Nosso cérebro é limitado demais e precisa de sinais, os tais ritos.
Pijamas são legais, ajudam nossos cérebros burros.

E cá estou eu, com meu cérebro burro e o pijama que ela me deu, esperando o sono vir...



A partir de hoje resolvi escrever o que cozinhei durante o dia, porque agora, graças aos deuses, eu sempre estou cozinhando alguma coisa.

Durante o dia: pimentões salteados com pão italiano quentinho; risoto de lentilha e cafta de apartamento.

No fogão: panela cozinhando damasco pra geléia no café da manhã.

sábado, setembro 09, 2006

Falando de música

Na verdade, eu não faço muita questão, eu ouço. Acho que posso dizer, eu consumo.
Como comer bem pra algumas pessoas com alguma sensibilildade, elas até sabem o que é bom mas não procuram e nem se interessam em produzir.

Daí rolou aquele papo inevitável: “É, o Brasil é uma merda mesmo!“

Alguém discordou: “Não, tem lugares piores...“

Retruca o primeiro: “É, o Zimbabwe!“

sexta-feira, setembro 08, 2006

Jung com Freud não faz bem

Sonhei que eu estuprava minha mãe.
Bizarria
Minha mãe que já morreu há mais de 14 anos, eu que não tenho um pinto e sei bem que estupro só se caracteriza com a introdução de um em uma outra pessoa (ou seja, uma mulher nunca poderá estuprar alguém) e além de tudo, no sonho, com as roupas que eu não tirei - eu estava com a calça jeans que usei hoje antes de cair na cama pra essa soneca que acabou no pior pesadelo da minha vida.
Talvez eu esteja mesmo louca.
Além de tudo, meu primeiro chef era o porteiro do prédio que minha mãe morava (ao invés de dolma ele usava uma camisa azul de porteiro), onde eu tinha que ir ao terceiro andar pra ver minha mãe e depois ao décimo primeiro, em um compromisso inadiável com a “sociedade mundo animal“ - e talvez eu não devesse escrever que não se tratava de nenhum tipo de sociedade de proteção aos animais e sim de um clube no qual as pessoas se comiam com pau de macarrão e outros apetrechos culinários presos nessas cintas pênis que se vendem em sex shop.

Acho que nunca mais vou dormir.

terça-feira, setembro 05, 2006

Um e um = dois

Ele reclama que eu uso muita louça pra cozinhar.
Eu uso o menos possível, mas isso ele nunca vai saber, assim como nunca vai saber outras tantas coisas que passam aqui dentro. E eu também, nunca saberei coisas de dentro dele, por mais juntos e parecidos que possamos estar.
Ainda bem, penso, somos duas, uma e uma, e não uma em duas - sei lá, às vezes não tão bem.
Às vezes eu não consigo levantar da cama, e eu faço um esforço terrível pra sair dela, mas não consigo. E nunca ninguém vai saber o esforço que eu faço, ele é meu, só meu.

Fico olhando pra essa caixinha de maçã, ele faz um barulhinho bem baixo, nem parece que existe tanta energia passando por ele. Nem esquenta, muito diferente do meu dinossáurico PC, mas ainda não me acostumei com esses acentos e coisas estranhas no teclado.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Meu marido foi comprar chocolate...


Espero que ele volte.

domingo, setembro 03, 2006

O pau de macarrao e o mac mini

E daí eu posto agora de um mac mini que é menor que minha lancheira do jardim I (eu bem me lembro). Pertence a meu marido.
Meu pc? Na casa do meu pai junto com minha antiga vida - até parece que é assim, mas estou tentando a cognitiva como forma desesperada de resolver isso.

Enfim, o casamento?
O casamento é bom, mas digo isso analisando todos os ângulos, só é bom porque estou com a pessoa que amo. O casamento em si, deve ser uma merda.

Me peguei perguntando agora mesmo na sala, depois do jantar tardio, se ele acha que conseguiremos permanecer juntos. A resposta, como sempre pra essas perguntas, surpreendente e singela, “não quero conseguir ficar com você. Eu te amo, eu quero ficar com você!“

Eu sei, e tenho que me lembrar sempre, que o mundo não se fez em um dia, que nem todas as pessoas têm a mesma concepção de “arrumar a cozinha“ que eu tenho e que no final, eu sou bem chata pra essa coisa de limpeza e organização. Mas realmente toalha molhada em cima da cama todos os dias é algo que me tira o centro.

No fim, eu reclamo, mas acho que gosto mesmo de meter a mão na massa, não só na dos pães e coisas que ando fazendo por aqui, e sim na sujeira mesmo. Quando morava na Nove de Julho, chegava ås três da manhã estressada pra caramba com a vaca da chef uruguaia e resolvia descontar minhas frustrações limpando a casa. Acho que são minhas lembranças de infância, eu fui criada pela minha tia avó que era maníaca por limpeza e sempre me dava um paninho pra ajudá-la.

...
(eu descobri esses dias, o mac tem uma tecla que faz os três pontinhos de uma vez - mágico!)

Bem, sem mais masturbações mentais, é tarde, ele já foi escovar os dentes e amanhã, para o meu deleite, tem feira aqui perto!


Peraê, como é que se desliga isso??

sábado, setembro 02, 2006

Quiroga rules!

"O tamanho da sua insatisfação excede as experiências pessoais que poderiam tê-la causado, agora, você poderia começar a suspeitar, talvez essa insatisfação não seja apenas sua, mas do mundo, que é enorme."