quinta-feira, fevereiro 28, 2008

É fácil dizer: “você escreveu tudo que eu gostaria de dizer“.
Eu retruco: “mas não disse, e nem escreveu“.
Mesmo assim tem horas que me seguro pra não soltar uma dessas...

Às vezes, eu penso se penso. Eu me achava instável, depois me achei volúvel, e agora me sei volátil.

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domingo, fevereiro 24, 2008

Da teoria a prática

Eu me apaixono literariamente.
Já perdi muitas noites de sono com isso, principalmente depois que me casei porque me sinto enganando meu marido.
Tenho tesão literário por algumas pessoas e sonho com elas frequentemente.
Na quinta-feira passo uma hora inteira contando da paixão da vez pra minha psicóloga.
No fim, a conclusão é sempre a mesma, isso faz parte dos meus sonhos.
E eles estão lá, em algum lugar na minha imaginação.
Lá, entre outras coisas, eu moro em Copacabana e sou vizinha do Rubem Braga, no Posto Seis, no ano de 1960.
Daí resolvo contar quantas crônicas tristes e lindas sobre a solidão ele escreveu desde de 1960 e me mudo pra Ipanema em 1988 pra não correr o risco de arruinar com coisas tão belas. Afinal, eu fui lá pra ficar com ele de verdade. E não me importo dele ser muito mais velho, eu o amo loucamente.

Então, tomo um chacoalhão da realidade quando descrubo que durmo todas as noites com o cara que escreveu isto, e me sinto uma completa idiota de morar no Rio de janeiro no século passado.

24 de fevereiro de 2008, São Paulo, Santa Cecília.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Cem pontos

Só o que noto são pessoas que estão na faculdade pra deixar a família feliz e ter a esperança de que algum dia serão “alguém na vida“ - expresão típica de classe média, meu pai a falou constantemente durante muitos anos da minha vida.
Mas cada um sabe de si, meu problema com isso tudo é que mackenzistas coloridos de guache tomam o bairro.
Eu só tinha que chegar na Nove de Julho, dá pra ser?
Claro que não, eles fazem pedágio com os pedestres.
Depois do quinto grupo de pedintes estudantis, uma gorda veio em minha direção abanando os braços abertos gritando: “Eeeeeeeh! Dá um real?“
Eu disse: sai da frente, gorda!
Ela saiu, mas uma mais magrinha cruzou os braços impedindo minha passagem.
Agora estou com uma porra duma tinta verde nas mãos que não sai de jeito nenhum.

domingo, fevereiro 10, 2008

Cheating

Antigamente eu era mais “honesta“.
Eu mantinha exatamente o que tinha escrito aqui mesmo que achasse algum erro ou que enxergasse um modo mais legal de escrever uma frase.
Hoje, alguns dias depois da publicação, me vejo fazendo, como diz Reinaldo Moraes, barba cabelo e bigode no texto.
Ando trapaceando.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Para as pessoas que ficaram

Eu tenho uma amiga que acorda logo cedo com um humor impossível pra mim. É tanto bom humor numa pessoa só, numa manhã só, que eu fico irritada, não dá.
Nada contra ela, que é uma pessoa incrível e que me deu a maior força - as vezes que acordei perto dela estava hospedada em sua casa. Eu sou uma pessoa chata e ranzinza. Ela, pelo contrário, uma pessoa alegre e que quase nunca reclama de nada mesmo tendo motivos pra isso. Eu sou cozinheira, ela, produtora de cinema.

Toda essa introdução pra dizer que uma pessoa conseguiu ler meu blog algumas vezes e achar que EU sou ELA.
Essa pessoa se diz amiga do meu marido e da moça bem humorada.

Existem pessoas que ficaram no passado. Elas vivem o presente delas com amigos novos, trabalho novo, cidade nova, mas tentam de alguma forma manter esse passado nesse presente, que é o que temos pra hoje. E não querem encarar que o passado ficou lá para todo mundo e que os outros têm um presente para hoje também.
Eles querem manter essas pessoas intactas, como um museu de cera vivo pra dar aquela sensação de segurança dos amigos antigos.
Provavelmente esse cara não leu se quer uma linha do meu blog, ele só queria poder dizer alguma coisa da próxima vez que a encontrasse - no estilo: eu leio sempre seu blog. Ela não faz parte do presente dele, ela é uma pessoa do passado que ele quer guardar intacta, como no passado, no presente.
É muito parecido com a visão da KR, que diz que sou a melhor amiga dela. Ganhei o título na sétima série e ele deve ser vitalício.
Isso pode fazer parecer que eu acho que as amizades são descartáveis, esse assunto bem em voga com uma onda de psicólogos observadores do comportamento da sociedade com a internet, e yadda, yadda...
Nada disso.

Apenas gostaria de dedicar à essas pessoas encarceradas no passado, que não conseguem me ver como sou hoje, os meus mais sinceros esquecimentos.
Obrigada.

Tá com pressa? Passa por cima!

Descobri que na verdade essa minha paranóia de atravessar na faixa de pedestres nada mais é que algo prático: quem me atropelar vai preso.
Eu morro, mas se a lei for cumprida, o cretino vai ver o sol nascer quadrado por alguns anos.
Não dou chance pra nenhum imbecil sair ileso.
Me atropela que eu quero ver!

Meu plano de vingança (preventiva) é ótimo até a condicionante: “se a lei for cumprida“.
Conheço um sujeito que saindo d'Aloca (=cheirado e bêbado) atropelou um catador de papel e o matou.
Não aconteceu nada, ele pagou uma grana pra família do sujeito pelo processo civil, e o processo criminal ainda se arrasta e se arrastará até provavelmente ser esquecido algum dia desses.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Pra ver a banda passar

Existe um ditado popular, me esqueci completamente dele agora, mas é algo como: se você quiser designar uma tarefa à alguém, mande quem tem mais afazeres. Quem faz pouca coisa, não vai achar tempo.
Eu ando assim, sem tempo.
Não fiz nada esse ano, e não é porque tenho trabalhado muito - me perdi na minha imensidão temporal.
Dezembro foi desgastante, mas Dezembro já se foi há trinta e oito dias.
Eu não trabalhei em janeiro e não fiz nada do que havia me proposto.
Os dias se passaram e eu fiquei na janela olhando a banda passar, e pior, ela nem cantava coisas de amor...

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Lego


Eu saí de casa pra arejar.
Estava fora de mim hoje.
Muito.
Às vezes não sei onde me encaixar. Saí com defeito de fabricação, com um pininho a menos, ou três a mais, vai saber? A gente nunca se enxerga com clareza.
Bem, mas era uma da manhã e eu fora de casa.
Muitos maridos estariam bravos.
Outros, não estariam nem aí, roncando como porcos no sofá.
Talvez hajam alguns no orkut achando mulheres agora - nada contra, só não faz meu estilo.
Meu marido tinha feito um poema e uma música (lindos) durante minha ausência.
E é nessas horas que tenho a prova viva do oásis que é minha casa, meu casamento, minha família.
Eu sou feliz, com meu marido que também tem pininhos que não se encaixam em lugar nenhum.
E nós nos pineteamos felizes com nossa “menina“, que nos escolheu enquanto passávamos numa madrugada de janeiro na avenida Liberdade, há um ano.