domingo, fevereiro 18, 2007

Às vezes eu acho que capto as ondas cerebrais das pessoas que estão à minha volta...

Esses dias, no trabalho, enquanto passava cenouras (e a mão junto) na mandolina, percebi que cantarolava com meus botões músicas de mau gosto bem populares. Comecei e pensar se os funcionarios à minha volta não haviam cantado aquelas letras antes delas entrarem na minha cabeça e percebi que não. Elas aparecem expontâneamente dentro de mim.

“Olha olha olha olha àgua mineral, àgua mineral...“

É, contando que até ontem não tinha água mineral pra beber naquela cozinha, pensar nessa “música“ não é tão estranho assim. Mas nada justifica “como uma onda no mar...“.

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Aos que se perguntam por onde ando, estou de novo trabalhando em uma casa que está abrindo. Me esqueçam até segunda ordem.

Beijos aos amigos e lembranças à Marieta!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

E daí eu quero parar de reclamar da vida porque eu tenho uma familia linda que me beija e me lambe quando chego em casa do trabalho.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Psicopatia aplicada

Eu tenho problemas, não é possível... Me mudo pro deserto de Atacama mês que vem!

A vizinha ao lado, se fazia de minha amiga, tocava minha campainha toda vez, havia perdido a chave do portão. Me convidava (intimava - me empurrava pra dentro do apartamento dela) pra cafezinhos vespertinos e quando fiquei doente no final do ano, veio aflita bater à minha porta dizer que estava muito preocupada com minha tosse, me ofereceu mel, disse que eu poderia bater lá se precisasse de qualquer coisa e essas “gentilezas“ todas que eu particularmente dispenso, mas...

Neste mesmo dia, um pouco mais tarde, Rodrigo por uma emergencia saiu e fui obrigada a pedir comida por telefone e deixar o entregador subir até a porta do meu apartamento. Isso é contra as regras do condomínio, eu bem sei, mas burlei por um simples motivo: eu não tinha forças pra descer e ir buscar minhas malditas esfihas de 56 centavos!

Bem, eu já estava infezada de tantas gentilezas e batidas na minha porta e como minha janela da lavanderia dá de frente pra dela, ela ainda me cumprimentava pela manhã chamando meu nome seguido de um sonoro “bom dia“ e um belo sorriso atrás de um “como vai??“. Um bom humor extraterreno daqueles que te tiram o pouco bom humor que você teve que escavar fundo pra conseguir naquele dia cinza.

Resumindo: entre essas e outras, eu estava ficando de saco cheio de ter que cumprimentar uma pessoa de dentro da minha própria casa enquanto ainda estou de pijama e fui obrigada a ir até a lavanderia buscar uma calcinha porque descobri que não tinha a que eu precisava (e às vezes não tem nenhuma mesmo) na minha gaveta.

Voltando...
Àquele dia das esfihas o entregador foi direto na porta dela porque ela abriu a porta antes de mim. Ela não disse nada.

No dia seguinte Rodrigo saiu pra uma reunião cedinho e pegou a maldita vizinha deletando ao Guarda Belo (o zelador que queria ser PM e não conseguiu) que eu deixei o entregador subir.

Logo Guarda Belo veio tirar satisfações com Rodrigo que explicou tudo e pediu desculpas.

Agora eu pergunto: precisava?

Eu me senti uma idiota de aceitar contra minha vontade esses cafezinhos e conversinhas estúpidas que me obriguei a ter por simples educação e compaixão por um ser absolutamente carente e pegajoso daqueles. Se ela batia na minha porta pra me oferecer mel e café e sei lá mais o que, porque não veio falar comigo sobre o entregador?

Foi a gota d´água!

Ela ainda veio perguntar pra Rodrigo outro dia porque eu não falo mais com ela, e Rodrigo (que às vezes parece que engoliu uma pomba da paz) disse que não sabia de nada.

Segundo ele eu deveria manter a política da boa vizinhança porque num caso como o que ocorreu hoje ela poderia nos ajudar...

O que aconteceu hoje?

O vizinho do outro lado que é todo moderno do eletronico e tem uma cara que nunca gostei nos trancou pra dentro de casa porque ontem esquecemos a chave pro lado e fora da porta.

E não sei porque raios acordei assustada às cinco da manhã e sai da cama, fui fazer carinho na Bisteca, ela estava envolta a papéis higiênicos usados roubados do lixo e mastigados na caminha dela (safada!). Imediatamente fui tirar o lixo do banheiro e jogar na lata do prédio, foi quando percebi que nem com minha chave conseguiria sair de casa. A chave tetris trancada e pendurada pelo lado de fora me impedia.

A única pessoa que passa pela minha porta depois do horário em que cheguei ontem é ele e a turminha dele, a velhinha mala do 73 é que não foi!

Deu vontade de atear fogo neste andar!

As fantasia de mandar pintos de borracha e cocôs da Bisteca passou, agora tenho vontade de
esperar cada um sair no corredor e puxar pro meu apartamento com uma cordinha de pesca, tipo filme B de assassinato norte-americano... Os detetives não entenderiam porque escolhi perfis tão diferentes, uma velhinha mala, uma cinquentona simpática e um junkie envolvido com o tráfico de drogas em raves e sua namorada de dreads loiros - estes últimos eu torturaria muito antes de matar!

domingo, fevereiro 04, 2007

Defi-ciência

Resolvi aceitar as deficiencias das pessoas, não porque elas não tenham o poder para melhorar, eu não acredito nesse papinho de psicólogo falido de que as pessoas fazem o que podem. Eu acredito que as pessoas fazem o que escolheram das suas vidas.

Eu fiz as minhas escolhas.

Se fizesse só o que eu podia, eu teria casado com um bosta, trabalharia na fábrica que ele herdou e odiaria tudo. Minha cozinha seria repleta de utensílios e panos de prato de vaquinha que a mãe dele nos daria. Minha casa teria uma decoração mix de tudo-que-eu-odeio pintado de pátina com bibelôs árabes e tapetes do estilo, e tudo, é claro, escolhido a dedo pela mãe dele. Pra ajudar, teria um ou dois bostinhas gritando e eles seriam minha responsabilidade. E, uma hora ou outra, acabaria em um hospital psiquiátrico por tentativa de suicídio, ou conseguiria um câncer, que eu não trataria, pra fugir de tudo sem culpa. Afinal, “as pessoas fazem o que podem“.

Eu escolhi sair de onde eu nasci e ter uma história diferente da que meus pais me encaminharam e agora eu vou até o final da estrada ver no que vai dar.
Então eu vou cuidar de mim e esperar que as pessoas à minha volta tenham coragem também pra mudar algumas coisas na vida delas. Mas sem me irritar, afinal, já tenho bastante no que pensar...

Uma cadela me achou na rua (ela que me achou, literalmente) e ela dá um certo trabalho.

Amanhã começo em uma cozinha onde serei a única mulher. Tô achando que o negócio vai ser tenso e eu vou ter que provar que também tenho pinto (sabia que toda mulher tem um pinto embutido e a ponta dele é o clitoris? - esse foi um momento National Geographic do dia).

O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão

Outro dia, como todos os dias dos últimos anos da minha vida, querendo fazer tudo certinho neste mundo, fui atravessar na faixa e esperei o farol verde para pedestres abrir, foi quando quase fui atropelada por um sujeito que vinha na contra mão e bem rápido.

Caminhando mais a frente, depois de recomposta do susto, pensei que naquele exato momento eu poderia estar no chão, ali atrás, jogada no asfalto, esperando o resgate dos bombeiros.

Então percebi o óbvio, não adianta nadar contra a maré.

“Vejam, vejam como se deve nadar! O oceano seria melhor assim, e todos seriam mais felizes, vocês não percebem peixes cegos??“

Então resolvi aceitar que não posso fazer nada sobre isso e sobre outras tantas coisas desta vida. O que me resta é andar de guarda-chuva, atravessar onde der e sempre olhar para os dois lados, nunca se sabe quando um peixe cego vai cruzar seu caminho.